29 de fevereiro de 2012




Times Square, 14 de julho de 2009, pensamentos de um homem arrependido.
” Eu a vi hoje quando estava me direcionando para casa após mais um cansativo e entediante dia de trabalho. Ela estava simplesmente linda. Desejava bom dia à todos que cruzavam seu caminho, como era de costume, com um sorriso radiante no rosto e seus olhos brilhavam tanto que fizeram doer minhas vistas e sem exageros eram capazes de ofuscar o brilho de todas as constelações juntas em uma noite de verão. Ela me viu, e me cumprimentou como se eu fosse apenas mais uma daquelas pessoas que passavam por ela com rostos jamais vistos e nomes desconhecidos. ”Bom dia rapaz”, foi tudo o que ela proferiu. Porém eu notei que após dizer isso abaixou a cabeça e fechou os olhos por um milésimo de segundo, respirou forte, puxou e soltou o ar, como se estivesse aliviada. O cheiro dela ficou pairando no ar e entrou em minhas narinas me fazendo espirrar, como antes. Porém, eu por um momento desejei sentir aquele cheiro para sempre. Notei que ela usava o mesmo perfume de antes, uma mistura do aroma de violetas com girassóis, coisa louca, coisa dela. Era um cheiro doce assim como ela era. Recordei-me que eu costumava me queixar muito daquele seu cheiro. Como fui tolo em deixar que ela escapasse. Eu deveria tê-la chamado para jantar comigo todos os sábados a noite, para beber um café quente aos domingos de manhã e principalmente deveria tê-la levado para conhecer minha família como ela tanto insistiu. Insistiu também em mim. Ela quem me ensinara que não se deve nunca, jamais e em hipótese alguma deixar a toalha molhada após o banho em cima da cama, e me livrou do hábito de comer comidas instantâneas em frente a tv, fazendo-me jantar quase sempre sua saborosa macarronada com queijo. Hoje, mais do que nunca, me sinto arrependido. Eu a vi hoje. E ela estava magnífica, perfeita, encantadora, deslumbrante. Me parecia eufórica. E eu soube por terceiros que se tornou chefe na empresa onde trabalha até hoje. Estou arrependido. Ela me ligou tantas vezes aos prantos pedindo para que eu não fosse embora e eu simplesmente a ignorei, virando as costas e indo embora covardemente, pois me julgava imaturo para um relacionamento e ansiava demais por uma liberdade tão abstrata, tão ilusória. Eu que sempre pedi para ser livre, queria hoje estar totalmente preso e envolvido pelos braços dela. A vi hoje. Toda feliz e saltitante. E eu estou aqui, sozinho, degustando de um café quente, pra ver se assim aqueço essa minha vida fria, parada, monótona e triste. Pois é assim que tudo se encontra desde que não a tenho mais.”

                                                                 Isabela Alves

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